26.2.09

Do incendio do Reichstag à teoria da conspiração...


Às 21:25 horas de 27 de Fevereiro de 1933, os bombeiros de Berlim recebem uma chamada de alarme. O Palácio do Reichstag, Parlamento alemão, estava em chamas. O incêndio começou na Câmara de Sessões e quando a polícia e os bombeiros chegaram, a Câmara dos Deputados já tinha sido engolida pelas chamas. A pesquisa conduzida pela polícia resultou na culpa de Marinus van der Lubbe, um anarquista holandês, desempregado que tinha chegado recentemente na Alemanha, ostensivamente para realizar suas atividades políticas. O incêndio foi utilizado pelos nacionais -socialistas como prova de que os comunistas estavam a conspirar contra o governo alemão. Van der Lubbe e quatro líderes comunista foram presos. Adolf Hitler, que fora empossado como Chanceler da Alemanha em 30 de janeiro, incitou o Presidente Hindenburg para promulgar um decreto de emergência a fim de contrariar o "impiedoso confronto do Partido Comunista da Alemanha".
Entretanto, o inquérito do incêndio do Reichstag continuou, com os nacionais -socialistas ansiosos para fazer aparecer a cumplicidade do Comintern no fato. No início de março de 1933, foram presos três homens: Georgi Dimitrov, Vasil Tanev e Blagoi Popov.

O bode espiatório, Marinus van der Lubbe, militante de uma organização de extrema-esquerda, a Oposição Operária de Esquerda, que era praticamente cego devido a um acidente de trabalho, foi encontrado a vagear semi-nu nas traseiras do parlamento. ( muito conveniente...) Os advogados que organizam a sua defesa criaram um Comité Internacional van Lubbe, apoiado pelo movimento anarquista. Condenado à morte, Van Lubbe é executado por decapitação em 10 de Janeiro de 1934.
Valendo-se do incêndio do Reichstag como pretexto, Hitler consolidou seu poder. Promulgou de seguida medidas políticas e legais que levariam seus oponentes aos campos de concentração e o mundo ao holocausto e à hecatombe da Segunda Guerra Mundial.
Qualquer semelhança com acções decorridas neste século XXI, sob a desculpa de procurar armas de destruição maciça, só pode ser... teoria de conspiração!
Em Setembro de 2002, o Presidente Bush afirmou perante a ONU que o Iraque se encontrava a produzir armas biológicas... http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/middle_east/2254712.stm
Entre Dezembro de 2002 e Março de 2003, os inspectores da ONU realizaram mais de 900 acções inspectivas e visitaram mais de 500 locais sem nada encontrar. http://www.cato.org/pub_display.php?pub_id=3276
Entretanto, Donald Rumsfeld afirmava ter conhecimento de que Saddam deslocava as armas de destruição em massa em cada 12 a 24 horas, escondendo-as em bairros residenciais.
Em Janeiro de 2003, no discurso sobre o Estado da União, Bush afirmou que o regime iraquiano havia adquirido grandes quantidades de urânio num país africano.
Em Fevereiro de 2003, numa longa exposição perante o Conselho de Segurança da ONU, Colin Powell apresentou provas ditas irrefutáveis de que o Iraque possuía armas químicas e biológicas e estava determinado a fabricar ainda mais...
http://en.wikipedia.org/wiki/The_UN_Security_Council_and_the_Iraq_war#Colin_Powell.27s_presentation
O que se passou em seguida é bem conhecido. Foi desencadeada a guerra, em violação do Direito Internacional e num total desrespeito para com a ONU. O Ditador iraquiano foi substituído pela ocupação anglo-americana. À devastação terrível da guerra seguiu-se o terror permanente, a instabilidade sem fim à vista, as mortes diárias de ambos os lados, o desespero dos iraquianos, a desorientação das tropas e autoridades ocupantes, e a facturação das empresas ditas de reconstrução. Só as armas de destruição em massa é que nunca apareceram.
Resta a esperança de que a nova administração irá corrigir em breve os erros crassos da anterior.

23.2.09

Nuno Alvares...Canonização à portuguesa...



Aproxima-se a passos largos a canonização de Nuno Alvares .

Temos o que nos coube em sorte, como nação. A canonização de um beato é um assunto sério e um processo complexo dentro da Igreja, a ponto de só poder ser tratada pela Santa Sé em si, por uma comissão de altos membros e com a aprovação final do Papa. Canonização é a confirmação final da Santa Sé para que um Beato torne-se Santo. Só o Papa tem a autoridade de conceder o status de Santo.
O Código de Direito Canônico da Igreja, no seu can. 1186 estabelece: "Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem." e, ainda no art. 1187: "Só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos."
De usa vez a Constituição Apostólica Divinus perfectionis Magister de João Paulo II, estabelece as normas para a instrução das causas de canonização e para o trabalho da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos. Nela é afirmado: "A Sé Apostólica, (...) propõe homens e mulheres que sobressaem pelo fulgor da caridade e de outras virtudes evangélicas para que sejam venerados e invocados, declarando-os Santos e Santas em ato solene de canonização, depois de ter realizado as oportunas investigações."
Nuno Alvares, Condestavel do reino, era filho bastardo de um padre e neto de um bispo, renegou a D. Leonor Telles, legitima rainha regente "de jure" (por morte de el-Rei D. Fernando), que o armara seu escudeiro e acolhera no paço real por "influencia" de D. Iria, mãe de Nuno Alvares, aia de D. Beatriz.
"El-Rei mandou-os entrar e, ainda á mesa, quis ouvir as novas que traziam. D. Nuno Alvarez interrogado, respondeu que lhe parecia muita gente mal acaudellada, e que pouca gente com bom capitão, bem acaudellada, os poderia desbaratar. Sorriu a Rainha D. Leonor, e agradou-se do mancebo de 13 annos... Pediu ao Rei que lh'o desse para escudeiro... D. Fernando, que nada sabia negar a essa mulher serpentina que o trazia enleado, assentiu. Mais, declarou que tomava o irmão e companheiro para seu cavalleiro. Caprichosamente a Rainha mostrou desejo de, logo alli, armar cavalleiro o seu protegido. Nuno Alvarez estremecia de alegria. Via chegado o ideal que tantas vezes sonhara... Buscaram-se as armas; o arnez, espada, esporas... mas nenhumas havia que servissem ao corpo franzino do donzel. Lembrou-se alguém que as do Mestre de Aviz estavam alli perto. Mandaram-se pedir. Deante do desejo da Rainha suprimiram-se algumas formalidades... A Rainha e as damas da corte cingiram as armas ao jovem escudeiro: o arnez, a espada, as esporas.
Toma esta espada, cavalleiro. Exerce com ella o vigor da justiça e derruba o poder da injustiça. Defende com ella a Egreja de Deus e os seus fieis ; dispersa os inimigos do nome christão ; protege as viuvas e os orphãos» O que estiver abatido, levanta-o. O que tiveres levantado, conserva-o. O que está conforme com a ordem, fortalece-o. E' assim que, ufano- e glorioso somente com o triumpho da virtude chegarás ao reino celeste, onde reinarás eterna- mente com o Salvador do mundo». Terminada esta exortação, a própria Rainha erguia-se, tomava a espada real nas mãos, dava com ella três golpes nos hombros do neófito, depois uma leve bofetada na face, dizendo: «Eu te arma cavalleiro em nome de S. Jorge e de S. Miguel. Sê valente, corajoso, leal». Depois coberto com o elmo, tomando o escudo e a lança na maa costumava o novel cavalleiro montar a cavallo c apparecer á porta do templo, deante do povo que o acclamava. D. Nuno ainda meditava na oração do sacerdote. Senhor, dissera elle, é para que a justiça tenha um apoio neste mundo.O furor dos maus um freio, que permittistes -aos homens, por uma disposição particular, o uso da espada.E promettia, de si para si, que tal seria o emprego da que havia recebido. Deus, a Pátria, que passava por uma das suas maiores crises, a justiça que elle via calcada aos pés por essa sociedade em decomposição, se- riam os ideaes que a sua espada havia de de fender. Terminada a ceremonia vinha abraçá-lo o pae, o Prior do Hospital D. Álvaro Gonçalvez Pereira, que lhe communicava a resolução de El-Rei, que a seu pedido lhe fizera a mercê de o tomar «para morador em sua casa, dando-lhe como aio seu tio Martim Gonçalvez de Carva- lhal, escudeiro no paço e irmão da cuvilheira da Infantazinha D. Beatriz, D. Iria Gonçalvez do Carvalhal, mãe de Nuno.

Foi esta senhora, dizem as Chronicas, «uma boa e mui nobre mulher e estremada em vida acerca de Deus, de- pois que houve aquelles filhos, e viveu em -grande castidade e abstinência, não comendo carne nem bebendo vinho por espaço de quarenta annos, fazendo grandes esmolas e grandes jejuns, e outros muitos bens. E foi cuvilheira da Infanta D. Beatriz, filha de El-Rei D. Fernando, que depois foi Rainha de Gastella, sendo para ella escolheita por sua grande bondade .Ficava pois Nuno no paço com mais tres pessoas da familia, a mãe, o tio e seu irmão Diogo.

...Sobre a família e ascendentes de D. Nuno muito se poderia escrever. Contentemo-nos com as palavras de Fernão Lopes que celebra a li nhagem de Nuno, nomeando o seu avô D. Gonçalo Pereira, bom e grande fidalgo, de quem, antes de ser arcebispo de Braga, nasceu o pae de D. Nuno. Gomo dissemos, D. Álvaro Gon- çalvez Pereira foi Prior da Ordem Militar dos Hospitalarios e grande bemfeitor dessa milicia religiosa. Esteve em Rhodes, para prestar ho- menagem ao grão-mestre. Construiu o castello de Amieira, de Bomjardim e de Flor de Rosa, perto do Crato; aqui mandou edificar uma egreja, onde jazem os seus restos mortaes. Foi privado de três reis de Portugal: D. Affonso, D. Pedro e D. Fernando. Teve trinta c dois filhos, sendo D. Nuno o undécimo. "

Foi aliado de João de Avis, filho bastardo de D Pedro, que tomou armas na disputa contra a rainha regente e sua filha , D. Beatriz de Portugal, que de acordo com o estabelecido por D. Fernando, quando tivesse um filho varão seria este o herdeiro das coroas de Portugal e Castela .
"Os dois reis ratificavam em pessoa, deante do Legado, em Vallada, o tratado que fora assignado em Santarém pelos enviados dos soberanos aos 19 de março . Eram humilhantes as condições para Portugal, mas não tanto quanto merecia o procedimento in- qualificável de D. Fernando. E o Rei, em vez de tratar da defesa do reino, cm vez de recompensar o heroísmo dos defenso res de Lisboa, mal voltara para ella, movido pelos conselhos de Leonor Telles, mandava levantar forcas para exercer vindicta brutal .Vasquez, alfaiate que, em nome do povo, ousara contrariar o casamento do Rei com a adultera. Outros populares caiam sob a vin- gança da Rainha: a uns coníiscavam-se os bens; a outros decepavam-se os pés e mãos, pelo crime de, dois annos antes, terem querido evitar o mal- fadado casamento. Nuno Alvarez assistia com o coração con frangido a tanta e tão revoltante injustiça. Se o respeito devido á auctoridade regia, a gratidão pela dama que o armara cavalleiro, o obriga vam a guardar silencio, não deixava de desapprovar intimamente taes monstruosidades."
Depois de João de Avis se ter proclamado Rei, ( D. João I) Nuno Alvares pegou em armas a favor deste, contra os seus irmãos que continuaram a apoiar a causa legitimista...

"Impellida pelo Prior de Grato e outros irmãos, que estavam em Portalegre, veiu nessa occasião a Lisboa a mãe de Nuno. Trazia a missão de convencer o filho que abandonasse o partido do Mestre; trazia recado do rei de Castella «que todavia deixasse o Mestre e se fosse para El-rey de Castella, que lhe mandava prometter o condado de Viana e outras terras e rendas de que elle fosse assaz contente . Fazia-lhe ver como era assaz precária a si- tuação do Mestre. Assim, não iria adeante. Não valia a pena expor ao insuccesso uma carreira que podia e havia de ser tão lucrativa... D. Nuno res pondeu-lhe: «Que Deus não quizesse que por dadivas e largas promessas elle fosse contra a terra que o criara, mas que antes despenderia seus dias e espargeria seu sangue por emparo delia"

Como líder, planeou brilhantemente técnicas de grandes batalhas e feitos de armas, guerra ofensiva contra o inimigo no seu território, assim como acções de saque e pilhagem sobre as populações da estramadura Castelhana, entre Caceres, Merida e Badajoz.
"D. Nuno entendeu que devia proseguir as operações e e ir buscar o inimigo no seu proprio território. Tomava assim a offensiva, cujo efieito moral forçosamente havia de deprimir o animo dos castelhanos, já profundamente aba- lado com a derrota de Aljubarrota. Reuniu, pois, um exercito, apetrechou-o de tudo o que necessitava para uma invasão e mandou aviso ao inimigo que em breve seria em terra sua. Passou a fronteira em Badajoz, e foi tomando successivamente Almendroal, Par- ra, Zafra, Fuente dei Maestre, Usagre e Villa Garcia. Desde Parra seguia-o o mestre de Alcântara, Barbuda, porem sem lhe dar combate. Esperava melhor occasiáo, que em breve se lhe ia apresentar. Com effeito, em Villa Garcia appareceu um arauto, com recado dos inimigos.

" Esta batalha, porque a iniciativa da invasão, a ordem, o apetrechamento dos toldados, tudo foi exclusivamente dirigido por Nuno. Elle, sem consultar o Rei, havia tomado todas as resoluções. Nella, pois, apparece o homem tal qual é .... Com esta victoria, alcançada em terras hespanholas, com a guerra levada ao coração de Castella, acabava de abater comple tamente o moral dessa Nação. E' certo que para ella contribuiu a inferioridade dos soldados que formavam as hostes castelhanas. As melhores haviam succumbido em Atoleiros, Trancoso e Aljubarrota. As de Valverde, embora numerosas como herva do campo que fazia parecer o exercito português uma eira cercada de cam pos, eram formadas de camponeses, pouco des tros no manejo das armas e nas manobras da guerra. Faltava-lhes mais uma vez a unidade de commando. Os vários fidalgos que as dirigiam estavam separados por invejas, rivalida des, que faziam perder a homogeneidade de vistas, necessária para as batalhas. As próprias chronicas castelhanas inserem, como dia funesto para a sua Pátria, a data desta peleja : ferida a 15 e 16 de outubro de 1385, apenas três meses depois do desastre de Aljubarrota. "

Mais tarde, após enviuvar e ter falecido a sua unica filha, recolheu ao Carmo.

"E' preciso não confundir o retiro do Condestavel no Convento do Carmo, com a sua entrada na Ordem Carmelita. Entre um e a outra houve um intervallo de quasi um anno. Em 17 de agosto de 1422 já D. Nuno estava instalado no Convento. Deixara o mundo, mas ainda não vestira o habito, nem revelara a pessoa alguma a sua intenção de o fazer... Como procurador e perpetuo administrador do Convento, cargos que reservara para si quando doara a fundação aos frades, superentendia nas obras lá do alto do miradoiro, situado ao lado da capella-mór, da banda do sul.... Ia dispondo tudo para o adeus completo ao mundo. "

A entronização foi um processo que seguiu aos encontrões; desde a sua beatificação, em 1918, por duas vezes, a Igreja tentou promover a sua canonização, que permite o seu culto universal e não apenas em Portugal, como agora sucede.
Em 1940, o Papa Pio XII tentou «canonizá-lo por decreto» como «exemplo do soldado cristão num tempo de guerra» mas pouco tempo depois optou por um processo normal, alicerçado em milagres ou graças divinas. Na década de 60, a Ordem dos Carmelitas deu um novo fôlego ao projecto mas o início da guerra colonial acabou por fazer fracassar esses intentos, com receio de que fosse mais valorizado o seu papel como soldado do que como religioso... ( ?)

Foi finalmente em 2000 que o processo levou novo alento.

http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia.asp?noticiaid=12624

Tivéssemos nós a sorte de Espanha, que poderiamos catapultar em meia dúzia de anos um conterrâneo para os altares... como foi caso de Josemaría Escrivá de Balaguer que morreu em 1975 e conseguiu subir ( Galgar) os degraus todos até 1982...

Fica a noção de que boas e atempadas escolhas, podem levar quem quer que seja a bons lugares...

18.2.09

No tempo em que não havia G.P.S.

Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu na Ajuda, Lisboa a 17 de Fevereiro de 1869 e faleceu a 18 de Fevereiro de 1959. De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, onde progrediu rapidamente, conccluindo a E.N em 1888.
Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, quando de sua primeira comissão em Timor. Comandou as canhoneiras «Sado» e «Pátria» e a lancha canhoneira «Loge». De 1898 a 1918 trabalhou como geógrafo em trabalhos geodésicos, topográficos e de delimitação das fronteiras dos territórios ultramarinos.
Em 1918 foi nomeado vogal da Comissão de Cartografia. (de que veio a ser presidente em 1925)
Até 1920 levantou e cartografou o territorio da provincia ultramarina de Timor, de São Tomé e Príncipe, de Angola e o de Moçambique, estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire. ( Congo Belga)
No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho". Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal. Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, e várias condecorações estrangeiras.
Em 1926 foi nomeado director honorário da Aeronáutica Naval Portuguesa.
Em 1928 foi escolhido pelo Ministério da Guerra para presidir à comissão encarregada de reorganizar os serviços geográficos, cadastrais e cartográficos.
Em 1933 executou diversos projectos hidrográficos em Timor, regressando a Moçambique com o objectivo de efectuar trabalhos geográficos.
Como presidente da Comissão de Cartografia concorreu eficazmente para a criação da Missão Geográfica de Moçambique e para a solução definitiva da fronteira Luso-Belga na região do Dilolo.
Fica como curiosidade o facto de sextante utilizado em 1921 ser " canhoto" ou seja de uso a esquerda para permitir tomar notas com a mão direita.

16.2.09

O menino da PT...

Aguardava a minha vez na loja da PT em Picoas. ( Aproveito já para dizer que não sou cliente dessa empresa que parasitou durante décadas os portugueses, com taxas de activação e outras, tendo tão somente ido tratar de um assunto a rogo de outrém....) Surgiu um Camarada mais velho, cheio de cãs, que conhecia de outras guerras. Nitidamente desorientado, olhava para os balcões, sem entender a lógica daquilo. Eis que surge um jovem imberbe, com idade de ser qualquer "coisita", funcionário da PT.

- Oh Cheeefeee... por aqui...! O velho Camarada revirou os olhos... e disse: - Chefe? Já fui... mas para si é só "SR", pois não andamos a marchar juntos...

Vem isto a propósito do respeito e do que é ser chefe.

CHEFE, etimologicamente, é aquele que está à cabeça ou, melhor ainda, aquele que é a cabeça. A cabeça é que vê, pensa, promove a acção no interesse comum de todo o corpo.
Chefe é aquele que sabe, quer, e realiza, e também aquele que faz saber, querer e realizar.
Chefe é aquele que, sabendo, o que quer, sabe também proporcionar o esforço ao efeito que pretende obter.
Não se é chefe senão na medida em que se é capaz de fazer partilhar a qualquer grupo o ideal que se vive, levando-o a realizá-lo através de todos os obstáculos.
Decidir não custa nada; o que importa é que as decisões se volvam em acção; daí o concluir-se que para se ser chefe não basta mandar, mas há que saber escolher os homens de acção, educá-los, animá-los, ampará-los, "controlá-los".
Quando surge a hora das decisões que se hão-de tomar, das responsabilidades que se vão assumir, dos sacrifícios que se têm de suportar, onde descobrir os obreiros destas temerárias empresas, senão em naturezas superiores, impregnadas da vontade de vencer, que vêem com nitidez os únicos meios que conduzem à vitória, e que têm coragem para arriscar tudo ?! (Foch)
Compreende-se bem o sentido e a grandeza do nome "Chefe". Chefe é aquele que sabe fazer-se obedecer e ao mesmo tempo fazer-se amar. Não é aquele que impõe; mas aquele que se impõe. Para comandar homens, há que saber dar-se.
Ser chefe não é somente fazer uma obra: é sobretudo fazer homens, conquistá-los, uni-los; amá-los e ser amado por eles. Saint-Exupéry, em "Terre des Hommes", diz: "A grandeza duma função está talvez, antes de tudo, em unir os homens". A asserção é particularmente verdadeira, quando aplicada à função do chefe.
O chefe é mais que presidente. Este é por definição não um homem de pé, mas um senhor sentado que arbitra as opiniões daqueles a quem preside e consegue uma maioria preponderante. Pode ser hábil, influente; todavia, não comanda, não se trata dum chefe.
Ser chefe não consiste em dar provas de vigor, de eloquência, de audácia ou de habilidade. Ser chefe não consiste de maneira nenhuma em reunir à sua volta adesões sentimentais ou interesses. Ser chefe consiste essencialmente em saber como levar os homens a trabalhar em conjunto, em reconhecer e utilizar pelo melhor os recursos de cada um, em indicar o lugar em que este ou aquele possa render mais, em dar a todos o sentido da sua solidariedade e da sua igualdade perante a tarefa que lhes está confiada nos diferentes postos dum mesmo grupo.

Fica aqui o esclarecimento... era bom se a PT tivesse colaboradores com mais tacto e educação!São os clientes que lhe dão o "guito" a ganhar...se não gostam do serviço de atendimento e estão com grande fastio no que fazem, podem mudar de profissão.






15.2.09

Alvíssaras...




Microsoft has placed at $250,000 (£172,000) bounty on the head of the people behind a computer virus that infected more than 15 million machines.

http://www.telegraph.co.uk/scienceandtechnology/technology/microsoft/4613070/Conficker-virus-Microsoft-offers-reward-for-tracking-down-author-of-worm.html



Como é que uma empresa que despede milhares de empregados, sob o pertexto de reduzir custos, se dá a papeis destes, em vez de produzir OS fiáveis e seguros? Como é que estes governos continuam a pagar a trampa do Bill em vez optar por aplicações e sistemas Open Source, para a saude, para sistemas de comunicações e intranets, etc?
O Software Livre é, na verdade, o início de uma mudança fundamental na infra-estrutura de software. A iniciativa da Comissão Europeia eEurope 2005 " An Information Society for all" é suportada num Plano de Acção de Junho de 2002 em que um dos seus tópicos é dedicado ao Software Livre, e nele é assumido que a Comissão Europeia e os Estados Membros promoverão uma maior utilização de software livre no sector público... (uiiiii)


Através da Resolução da Assembleia da República n.º 66/2004 é recomendado ao Governo a tomada de medidas com vista ao desenvolvimento do software livre em Portugal. ( 2x uiiiii)


Mais recentemente, o capítulo I do Programa do XVII Governo Constitucional, no seu ponto II - UM PLANO TECNOLÓGICO PARA UMA AGENDA DE CRESCIMENTO, enuncia como uma das medidas de Mobilização de Portugal para a Sociedade da Informação, a promoção de sistemas operativos não proprietários open source sempre que apropriado... ( no Commts...)

Pela minha parte não levam nada...

14.2.09

Comandar...


Comandar, fazer-se obedecer é uma arte. Se não é possível fixar-lhe regras precisas aplicáveis em todos os tempos e em todos os lugares, existem contudo princípios de comando, cujos principais são:
Dar pessoalmente como chefe o exemplo;
Conhecer os seus subordinados e ama-los;
Considerar sempre os
subordinados não como instrumentos submissos mas como colaboradores...

Lieutenant-colonel Armand Mermet. Pour être un chef : Savoir, instruire, commander, entraîner. Conseils aux gradés

Quatro juristas escreveram ao presidente da Comissão Parlamentar de Defesa, Miranda Calha, para lhe transmitir a sua preocupação com o articulado da proposta governamental sobre o Regulamento de Disciplina Militar (RDM).
O texto, expressa "grave preocupação" porque "o RDM proposto confunde disciplina com castigo e não respeita a Constituição ao não associar penas a factos violadores da disciplina". Guilherme da Fonseca, juiz-conselheiro jubilado do Tribunal Constitucional, António Bernardo Colaço juiz-conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça, João Morgado Alves, procurador-geral adjunto jubilado e Fernando Freire, advogado (entre outros, da Associação Nacional de Sargentos), são os subscritores da carta enviada no dia 06 deste mês ao deputado Miranda Calha.
Um exemplo citado na carta para fundamentar as críticas ao RDM é o de poderem "aplicar-se sanções a militares fora da efectividade de serviço desproporcionadas aos fins visados, sem se acautelar, como manda a boa doutrina disciplinar, que se graduem e escalonem as penas de acordo com o facto ilícito e a pena".
Acresce que o legislador mostra ter "uma noção restrita de Disciplina, deixando para trás a salutar tradição militar de entender esta como o voluntário exercício da coesão dos corpos militares, aos fins comuns e constitucionais, com base na motivação pelo exemplo das chefias, a correcta e ponderada aplicação das sanções e a salutar exigência do mútuo respeito e lealdade entre quem manda e quem obedece".


Disciplina é uma palavra que tem o mesmo etimo da palavra "discípulo", e tanto uma quanto outra, tem origem do termo latino para "pupilo" que, por sua vez, significa instruir, educar treinar, dando idéia de modelagem total de caráter. Assim, a palavra disciplina, além de significar, em sentido acadêmico, matéria, aula, cadeira ou cátedra, também é utilizada para indicar, em educação, a disposição dos alunos em seguir os ensinamentos e as regras de comportamento.
Nos dias que vão correndo, Sociólogos e outros académicos, (geralmente pagos a preço de ouro) tentam explicar o fenómeno do aumento da indisciplina tanto nos meios académicos quanto na sociedade.
Há a tendência de assim que se ouve falar em disciplina, pensar em militares. No campo militar, a disciplina é considerada uma virtude a ser perseguida pelos militares, com o objectivo de torná-los aptos a não se desviarem de uma conduta padrão, desejável para o bem comum da tropa, mesmo em situações de pressão extrema.
Todos os militares, desde o simples soldado até ao general, obedecem, por amor da Pátria que todos servem em comum.
Essa obediência, longe de ser deprimente, longe de diminuir o orgulho, deve aumenta-lo pois dá nobreza a quem a pratica.
Os militares que passaram toda a sua vida a obedecer, têm clara e nítida compreensão dos seus deveres; em geral mais mais do que alguns políticos que fazem "comissões" de meses ou de dias...Ser disciplinado em toda a parte, no quartel como na rua, na vida militar como na vida civil é um dos princípios do cidadão livre e o primeiro dever do soldado exemplar.
Convém ter presente a excelente definição de Clemenceau: - "A liberdade é o direito de cada um se disciplinar a si mesmo, para não ser disciplinado pelos outros."
Frase lapidar que se afirma solidamente fundamentada na própria disciplina.
Segretain dizia que:
" Todo o Chefe, qualquer que seja o seu posto, é como Janus bi-fronte, tem duas caras:
Subordinado, deve obedecer e exercer, contudo a sua iniciativa;
Superior, deve fazer-se obedecer e deixar toda a via, exercer-se a iniciativa dos seus subordinados.
Ser disciplinado é aderir com convicção e sem reticencias à necessidade de uma lei comum que regula e coordena esforços.
Ter iniciativa é exercer livremente a sua actividade dentro do âmbito da ordem recebida".

Fica nas suas palavras a ideia de que o ser disciplinado não impede o cidadão ( civil ou militar) digno desse nome, de usar criteriosamente da sua iniciativa, sempre que as circunstancias lho exijam, e tanto quanto possível dentro dos limites que a própria disciplina lhe impõe...


P.S. Bon anniversaire Bruno!

11.2.09

Esquemas Macuas

Esquemas Macuas...

Aprendi na família que os Macuas tratavam assim as coisas, meio tipo feitiço, com fezes de galinha a ver se passava a desgraça...
Parece ser pratica corrente neste governo estes esquemas Macuas...pode ser que pegue, pode ser que vá ao sitio...
O Soba manda...benzedura vai tirar os gente das crise!

Também aprendi, (palavras de membro da Cohorte) que tudo o que há a fazer, nem que seja varrer bosta de cavalo, tem de ser feito com perfeição sob pena de ter de se repetir até sair obra limpa....

Educação: Legislação sobre avaliação tem vários aspectos inconstitucionais - Garcia Pereira
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1364631&idCanal=58

7.2.09

Amargos de boca...


US Missile plan

E tudo continuará como antes...defraudadas as expectativas criadas, a politica dos USA continua a mesma...



6.2.09

Musica para dias assim...

Por vezes na rede aparecem coisas espectaculares... neste caso "Yamato Drummers".
Fundados em 1993 por Masa Ogawa, sendo o nome " Yamato " referente ao nome antigo da cidade de Nara, onde se formou o grupo. Como há que ser solidário e partilhar...aqui fica o link:

http://music.katz.cd/download/2744757/Music/Yamato-Live-The-Drummers-of-Japan/

4.2.09

Ainda há Juízes em Berlim...



Em 1745, na Prússia, um moleiro tinha o seu moinho nas cercanias do palácio do rei Frederico II, déspota esclarecido, amigo dos intelectuais.
Um ministro do soberano tentou removê-lo dali, porque julgava que aquilo maculava a paisagem, mas o moleiro negou-se a sair.
O rei Frederico chamou-o para saber a que se devia a sua resistência, tendo ele dito a célebre frase: “Ainda há juízes em Berlim”. Para o moleiro, a Justiça, aquela com a qual contava, não haveria de distingui-lo do rei.
François Andrieux, escreveu, em versos, o conto O Moleiro de Sans-Souci.

O Tribunal europeu dos direitos do homem condenou hoje Portugal por ter proibido, em 2004, a entrada nas suas águas territoriais de um barco fretado por organizações favoráveis à despenalização do aborto.Em Agosto de 2004, três associações, entre elas a fundação holandesa Women On Waves, fretaram o navio “Borndiep” e prepararam-se para entrar no porto da Figueira da Foz. Pretendiam organizar a bordo reuniões, seminários e ateliers a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

Os juízes do Tribunal europeu consideraram que as medidas tomadas contra o “Borndiep” foram desproporcionadas e que houve violação do artigo 10 da Convenção dos Direitos do Homem (liberdade de expressão). As associações reclamam indemnizações de 49.528 euros, pelas despesas com a viagem do “Borndiep”, e cinco mil euros por cada uma por danos morais.
Assim se conclui que malgrado existirem governantes feudais ( pseudo- Iluminados)que julgam ter ainda "direito de pernada", a justiça do T.E corre mais célere do que cá...
Pela inercia da nossa justiça, outra ainda virá...

1.2.09

Memórias da Cohorte...III ( Fevereiro 1961)


O mês de Fevereiro é cheio de memórias...

Estava a Cohorte em Luanda em Fevereiro de 1961 ( para onde no início de 1960, foi enviada numa missão, de que veio a culminar entre outros na abertura dos A.B.3 Negaje e A.B.4 Henrique de Carvalho). Eram poucos os dispositivo da Força Aérea ( FAP) em Angola no início da guerra, que começou com o ataque de 3 para 4 á casa de reclusão Militar e ao Quartel da Companhia móvel da PSP e as cadeias civis de Luanda.


Fica o respeito pelos caidos no cumprimento do dever, nessa noite:
1Cab 38/60 João Maria Figueiredo - R.I 10;
1Cab 273/E Manuel Costa - R.I.10;
1 Cab 530/AE Joaquim Oliveira e Silva - CCS QG;
Guarda 49/9 360 Fernando Oliveira Madeira -PSP;
Guarda 83/13862 Manuel Brás Ferreira - PSP;

Guarda 89/13870 José Marques - PSP;
Guarda 184/14090 Nuno Augusto Mendes - PSP
Depois foi o que se sabe...A FAP desde o 1º dia que esteve presente na linha da frente até 1975...


Fotos BA9 Cohorte VII